quinta-feira, 7 de março de 2013

Felicidade



"Você é feliz?" - me perguntou um Hare Crishna uma vez... sorri e disse que era.... mas a pergunta me perseguiu e me persegue até hoje...
Passamos correndo pela vida e corremos tanto todos os dias que muitas vezes não temos tempo para perceber como é incrível a dádiva de ainda estarmos vivos.
Passei por algum episódio estarrecedor de vida ou morte? Talvez. Não tem como saber. Só sei o que sinto (e nem isso sei descrever direito, então vamos pular essa parte).
Só sei com certeza de que hoje esse pensamento de vida me inundou o dia todo. Um alívio, uma alegria, só por poder respirar... uma coisa tão forte e tão profunda que eu não conseguia nem falar... era um sentimento balançante, oscilando entre medo e felicidade... dor e alívio. Estava viva. Nada mais importava. Nem as coisas que deveriam me importar, que escrevi detalhadamente para fazer em minha agenda... nem os problemas dos outros que eu tinha que tentar resumir em palavras bonitas (que não saíram), afinal, o problema dos outros não me importava naquele instante... eu estava viva... isso importava. Queria respirar todo o ar que eu pudesse, comer tudo o que pudesse e dormir encolhida para o resto do dia (ou me encolher em um abraço).
Queria entrar na minha própria concha e pendurar uma plaquinha na porta: "Não Perturbe".
Mas invés disso eu sorria... eu fazia de conta que algo mais importava nesse dia (nem sei se choveu ou se fez sol!). Tentei seguir o programado na minha agenda ... juro que tentei... mas eram só palavras. Traços redondos em uma folha alinhavada feitos com tinta azul.. nada mais do que tinta sobre o papel...e o papel não era importante.
Tentei pensar no que houve... juro que tentei. Não consegui... me enterrei ainda mais em mim mesma e a vontade de me encolher em minha casca cresceu, então desisti... quando ficar mais normal, mais esquecido, mais arrefecido em minha alma e mente, então eu tento de novo... até lá me dou um descanso. Um descanso do medo.
Se nada aconteceu foi por sorte, proteção divina. Eu sinto isso em meu peito (e na boca do estômago, quando o friozinho incomoda na barriga). Nada aconteceu. E eu não podia reagir a nada. Podia? Nada aconteceu, mas senti o peso de um prédio caindo em minha cabeça.... senti o peso do que poderia ter acontecido.
E quando eu penso no que poderia ter acontecido, novamente olho ao meu redor e estudo os móveis do quarto. Eu estou viva. Eu estou aqui. O mundo gira normalmente, como ele deveria girar e tudo continua igual (só que diferente, entende?), mas eu estou viva e é isso que importa.

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