
Quantas dúvidas no caminho, quantas perguntas não respondidas, quantos arrependimentos (mas sinceramente, se eu pudesse voltar ao passado, não mudaria minhas atitudes, prefiriria continuar a tê-los como "arrependimentos" do que como "realidade").
Escrevi em alguns posts atrás que "a natureza sabe fazer o rio chegar ao mar", pois em uma realidade inexorável e como expriência de vida me pergunto: se a natureza é tão sábia, se existe destino e se Deus olha constantemente por nós, por que tememos e duvidamos? Teríamos nós nos esquecido de que as coisas sabem seguir seu curso sozinhas, sem nossa intervenção?
Será realmente que nos iludimos ao pensar que as pessoas a nossa volta precisam mais da nossa ajuda (física e monetária) do que da nossa compania e amor? Pode-se dizer que somos assim egoistas?
Tememos o que não podemos explicar, o que não conseguimos entender, tudo bem, compreendo isso, mas no íntimo de nós, como podemos deixar de entender nossos semelhantes? Como pode ser tão difícil "cuidar" de alguém, confiar em alguém, deixar alguém entrar no seu coração ou ao menos abaixar suas barreiras? Como pode ser tão difícil ser exatamente quem você é, após passar anos usando máscaras? Será que máscaras viciam? Será todo esse turbilhão um misto de vergonha por se sentir fraca e exposta ao mundo com seu rosto desnudo? Será que essa exposição me condena, me desproteje ou me liberta?
Se a natureza tem o trabalho de nos criar perfeitamente cheios de defeitos, por que tentamos com tanto afinco escondê-los entre camadas de maquiagens e centenas de mentiras?
Existe um poema de Raimundo Correia que assim o diz:
Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"
Sinceramente? Analisemos: prá que parecer venturosa aos olhos do mundo? Forma de proteção, forma de atrair seguidores, forma de nos sentirmos únicos e amados? Nós somos únicos e amados, só precisamos de aceitação e a aceitação começa em nós mesmos.
Tirar as máscaras é difícil. Exprimir seus medos, suas culpas, seus sentimentos (até aqueles que podem nos condenar ou nos deixar fracos) parece realmente complicado, mas ninguém disse que viver seria fácil. Fomos criados assim, nascemos assim e quando bebês, não nos importamos com nossos defeitos, somos amados incondicionalmente e sabemos disso. A mentira e as máscaras são algo que aprendemos ao decorrer da vida, simples adornos de proteção e vaidade, mas podemos perfeitamente viver sem eles...desde que encontremos as pessoas certas para viver ao nosso lado e nos aceitemos plenamente como somos, nem mais nem menos.

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