terça-feira, 19 de outubro de 2010

❀ É o vento que vicia ❀


"Liberdade, vento forte em meus cabelos quero a direção do mar..."

Assim diz a música, mas assim também acontece na vida. Hoje, em um acesso de "loucura", resolvi correr ao pôr-do-sol. A atividade física é uma pequena rotina a qual estou pouco a pouco aderindo, mas sempre tinha feito in door.
Li em uma revista uma vez que a corrida em si envolve todo um ritual minucioso de encontro entre o corredor e ele mesmo. Corre-se de seus medos, corre-se de suas dúvidas, corre-se de seus problemas e da rotina, corre-se do estresse e a pessoa se encontra consigo mesma.
Resolvi tentar. Comecei receosa com a escolha do lugar, com essa onda de violência e tal acabei por optar correr em meu quintal dos fundos. É um terreno amplo, com espaço suficiente para um começo. Espaço suficiente para mim, meus medos e minhas duas cachorrinhas. Então dei os primeiros passos, no começo algo tímido e receoso, como se ainda tivesse alguém me observando, me julgando, mas então deixei a música tomar meus ouvidos e o vento acariciar minha pele. Fui tomada por uma sensação única de que mais nada existia no mundo...só eu, a música e o vento.
Não senti mais a dor em minhas pernas e joelhos (enferrujados pelo tempo), não senti  medo algum chegando perto de meus pensamentos, aliás, analisando agora, não haviam pensamentos...havia uma sensação de contato comigo mesma, uma sensação pura de distanciamento dos meus problemas (que acabaram se tornando bobos por um instante).

Quando mais pensamos em nossos problemas de forma equidistante, mais percebemos que eles não são tão grandes ou obstáculos tão intransponíveis quanto pareciam, mas acredite em mim... o que vicia é o vento.
A sensação inebriante de ser cercada pelo vento que mexe seus cabelos e te segue em cada passo é simplesmente extasiante. Ao que me parece em uma primeira olhada, é ela que te enlaça e não deixa seus problemas te alcançarem na corrida...é o vento que te acolhe e te proteje.
Sinto que a corrida, ou o "jogging" é uma parte importante da minha jornada espiritual... uma forma simples de aprender a deixar meus medos longe e de ver meus problemas de uma forma mais distanciada, me possibilitando encontrar a melhor solução. É esse encontro diário comigo mesmo que me fará aprender a amar meus defeitos, minhas qualidades e meus momentos. É esse amor, por fim que me fará esquecer de vez o que os outros pensam ou deixam de pensar a meu respeito, afinal, "the race is long and in the end, that´s only with yourself" (filtro solar).


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sem entender.


Estou sem entender... minha cachorrinha chora de dor no quintal e estou aqui dentro, esgotada de tanto tentar e me preocupar, sem porém fazer a mínima idéia do que pode fazê-la se sentir melhor. Me sinto uma péssima dona, uma péssima "mãe". Eu devia saber melhor do que todo mundo, pq ela é a minha companheirona, minha Dimon... parecemos parte da mesma alma quando ela está ao meu lado, quando ela me entende, quando tomamos sol juntas. Como pode ser possível que ela me entenda e que eu não a entenda?
Fomos ao veterinário semana retrasada e ele disse que era problema de coluna. Será? Pois depois do tratamento de 10 dias com anti inflamatório de cachorrinho e dipirona ela parecia ter melhorado, mas agora está chorando mesmo sem se mexer... talvez eu esteja agravando um pouco o quadro em meus pensamentos, pq quando a vejo ela parece estar bem, mas meu coração se esmaga um pouquinho a cada ganido que ouço vindo do quintal.
Amanhã.
Sempre pensamos no amanhã, no futuro... e se o amanhã não chegar? E se...hoje faz "aniversário" da morte da minha outra cachorrinha... Jamaica. Linda boxer que eu amei com a intensidade de melhor amiga... ela tinha cancer, estava mal. Muito tempo de sofrimento e tristeza depois, acabei pedindo à Virgem Maria (anos atrás) que se ela não fosse ficar boa, então que aliviasse a dor dela. Um dia depois do dia de Maria (12 de Outubro), ela se foi.
Quão estranho é o fato de justamente hj a Laika (sim, nome muito parecido) estar assim mal de repente? Se tem alguma coisa a ver? Não, não creio... apenas uma coincidência estranha, uma coincidência tão "coincidente" que até parece um sinal. Um sinal bem na minha cara, mas eu não consigo entender do que se trata. Droga! Porque que tem que ser assim? As coisas se manifestarem em minhas cachorrinhas? Por que só enxergamos o que está bem a nossa frente quando já passou a oportunidade de modificar as coisas?
Não acredito que ela esteja fingindo. Ela não é muito forte para dor, mas também não é de fingir...tem que ter alguma coisa, está tão claro, mas eu não consigo ver.São tantas perguntas reais que passam por minha cabeça que não consigo parar para dar atenção às imaginárias: trocar de veterinário? Será que o vet acertou o diagnostico? Sera que posso fazer algo por ela? Uma dipirona p dor, talvez? Amanhã estarei sozinha o dia todo, como levar ela no veterinário se as coisas piorarem já q ela surta no carro e acaba sendo uma escolha entre dirigir (ou bater o carro tentando segurar ela)? Será que uma de minhas melhores amigas de 4 patas (tenho duas) vai ficar bem?
Gostaria de poder entender o que ela fala quando late para mim, gostaria de saber aonde dói e o que acontece. Gostaria de poder fazer alguma coisa.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

**Tudo exatamente onde deveria estar**

 
" Por que há alguns meses atrás me queixei que não estava conectado com a Energia Divina? Que bobagem! Sempre estamos, é a rotina que não nos permite reconhecer isso." (Paulo Coelho, em sua obra " O Aleph")
 
Na mesma obra citada acima, o autor diz que a vida é o trem e não a estação. Não poderia concordar mais com uma afirmativa afinal, meu trem está em movimento...vejo a estação ficando longe de mim, até quaaaase não mais poder enxergá-la (mas ainda me lembro dela, lembro com carinho), até chegar à próxima e à próxima e repetir o ato de observá-la até que ela se afaste.
Não há tristeza em se deixar uma estação...há sim a incerteza da próxima e é isso que nos faz querer ficar estacionados na primeira...e se a próxima for pior? Impossível saber, mas é possível se ver sempre o lado positivo de cada pessoa, de cada estação que esbarra em seu trem, umas mais, outras menos... ninguém precisa estar sozinho na jornada da vida, mas precisa necessariamente estar consigo mesmo antes de estar com os outros...só dessa forma a jornada continua a trilhar seus próprios trilhos.
Superar o passado, viver o presente e saber onde se quer chegar com o futuro... essas são as metas de meu "caminho espiritual". Hoje me sinto exatamente dessa maneira, como se o passado tivesse desprendido seu peso de minhas costas e agora me deixasse caminhar, livre de culpas, (quase) livre de medos. O vento morno bateu em meu rosto esta manhã e me trouxe aromas muito conhecidos da minha infância, da minha vida sem medos, cheia de certezas, com pouquíssimas complicações e fiquei alguns instantes buscando esse cheiro naquele vento enquanto ele brincava com meus cabelos... levantei e abri os braços...Ah, a liberdade do vento...o mesmo vento que sopra em Santiago de Compostela levando os caminhantes a ter seus insights soprou em meu rosto esta manhã salpicada de sol, me trazendo a certeza absoluta, quase como um sinal, de que eu estou exatamente onde deveria estar.
Meu coração sente isso agora, apesar de ainda se apegar às coisas boas vividas na estação passada, mas já vislumbro a seguinte. Estou pronta para parar e tomar um sorvete...estou no meu trem, em movimento.
Mais do que perceber, agora eu SINTO que qualquer escolha diferente que eu houvesse feito no passado me jogaria exatamente para o mesmo ponto em que estou agora e fico feliz em caminhar.
Sinto a dor misturada com a felicidade e uma pitada de medo (mais um "friozinho" na barriga, eu diria), mas não me deixo dominar por nenhum deles... os sinto em toda sua intensidade, mas não me deixo dominar...agora experimento a liberdade do vento, a liberdade que nada espera e que tudo consegue, a liberdade de se mover por todos os pontos em que desejar, conhecer todos os lugares e não se importar com as pessoas a seu redor, mas vez ou outra, transformar a vida delas em um sorriso de sol.
Ser de novo rainha de meu próprio reino é ter a liberdade para tomar minhas próprias decisões, sentindo as dores e felicidades que elas acaretam...e as sentir com a intensidade do momento em que duram, nem as cultivar demais, nem as sublimar também. A natureza sabe guiar o rio até o mar.
 

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Viagem Espiritual!



Estou no meio de uma viagem espiritual... um meio único de redescobrir minha essência, meu verdadeiro "eu". Algumas pessoas fazem isso durante o caminho de Santiago de Compostela, outras em viagens à Itália, Bali (como em "comer, rezar, amar"), mas eu, sinceramente, optei por fazer meu caminho aqui...onde nasci e cresci...São Paulo.
Pela primeira vez na vida sinto que estou exatamente onde deveria estar...nem um passo adiante, nem um passo atrás... sinto que não errei o caminho, simplesmente estou.
Não me arrependo de nada do que fiz e pretendo continuar dessa forma, pois arrependimento e culpa são dois sentimentos que corroem tudo de bom que existe por dentro... meu segundo passo foi escolher agir com o coração, não com a razão... o terceiro e mais difícil, posso dizer, foi escolher sentir tudo o que se há para sentir no momento presente, seja a sensação boa ou ruim é simplesmente sagrada para o momento e tentar pará-la no meio é não aproveitar a viagem da Vida.
É, eu sei...estou um pouco espiritual demais hoje, mas acredite, com exceção do medo (que também não te leva a lugar algum), os sentimentos são maravilhosos e nos fazem muito bem, tanto os bons quanto os ruins, pois, por menos que se queira admitir, todos eles fazem parte do nosso caminho da vida, a famosa "busca pela felicidade" e porque não dizer então que a felicidade pode ser simplesmente sentir todos os momentos possíveis?Porque não degustar uma bola de sorvete em Roma, sentir o vento soprando seu rosto em Santiago de Compostela ou mesmo degustar o mesmo sorvete em São Paulo, sentindo o vento quente da tarde soprando em seu rosto? As sensações são as mesmas, mas muitas pessoas precisam mudar radicalmente de ambiente para sentir as mudanças de forma radical...escolhi entretanto o caminho mais difícil: sentir radicalmente as mudanças, sem mudar radicalmente de ambiente.
Meus objetivos são claros: resolver os pontos obscuros do meu passado( todos temos coisas que gostaríamos de esquecer, mas esquecer não basta...temos que confrontá-las), aproveitar ao máximo meu presente (sentindo todos os sentimentos que eu puder) e melhorar meu futuro (afinal, só é possível saber que caminho seguir se você conhece o viajante...nesse caso, vc mesmo).

Preciso de um tempo longe da vida que eu tinha...não somente enquanto trabalhava naquele lugar tão opressivo, mas também da correria que me impus para esquecer o passado. Quando se tenta esquecer o passado, seus problemas crescem em seu cérebro...são meros grundos de sombra, se você os ilumina, vê como na verdade são pequenos e engraçados, como você na realidade já os superou há tempos atrás. 
Preciso de um tempo longe das minhas inseguranças para descobrir quão forte eu sou, um tempo longa dos meus temores para descobrir que sou capaz e de um tempo longe dos fingimentos para saber como sou de verdade e me amar mais...saber que o mundo também pode me amar, me aceitar e me acolher.
Preciso ser EU para poder ser mais leve...para poder escolher com sabedoria meus caminhos e meu futuro.

Este é o meu Caminho Espiritual... minha estrada desconhecida, minha viagem com sabor próprio...estou só nesta busca, ainda que esteja muito bem acompanhada no resto de minha vida, mas nessa estrada, preciso estar só comigo mesma para escolher com precisão cada curva e bifurcação, preciso ir sem pressa para não me deixar para trás nem "sair correndo de mim". Meu caminho, meu tempo, minhas mudanças...
O medo e a segurança caminham ao meu lado. Esperança de curtir a viagem da melhor forma possível...saudade de quem eu fui, de quem eu sou e de quem eu serei. Mal posso esperar para me encontrar novamente ;)