"Liberdade, vento forte em meus cabelos quero a direção do mar..."
Assim diz a música, mas assim também acontece na vida. Hoje, em um acesso de "loucura", resolvi correr ao pôr-do-sol. A atividade física é uma pequena rotina a qual estou pouco a pouco aderindo, mas sempre tinha feito in door.
Li em uma revista uma vez que a corrida em si envolve todo um ritual minucioso de encontro entre o corredor e ele mesmo. Corre-se de seus medos, corre-se de suas dúvidas, corre-se de seus problemas e da rotina, corre-se do estresse e a pessoa se encontra consigo mesma.
Resolvi tentar. Comecei receosa com a escolha do lugar, com essa onda de violência e tal acabei por optar correr em meu quintal dos fundos. É um terreno amplo, com espaço suficiente para um começo. Espaço suficiente para mim, meus medos e minhas duas cachorrinhas. Então dei os primeiros passos, no começo algo tímido e receoso, como se ainda tivesse alguém me observando, me julgando, mas então deixei a música tomar meus ouvidos e o vento acariciar minha pele. Fui tomada por uma sensação única de que mais nada existia no mundo...só eu, a música e o vento.
Não senti mais a dor em minhas pernas e joelhos (enferrujados pelo tempo), não senti medo algum chegando perto de meus pensamentos, aliás, analisando agora, não haviam pensamentos...havia uma sensação de contato comigo mesma, uma sensação pura de distanciamento dos meus problemas (que acabaram se tornando bobos por um instante).
Quando mais pensamos em nossos problemas de forma equidistante, mais percebemos que eles não são tão grandes ou obstáculos tão intransponíveis quanto pareciam, mas acredite em mim... o que vicia é o vento.
A sensação inebriante de ser cercada pelo vento que mexe seus cabelos e te segue em cada passo é simplesmente extasiante. Ao que me parece em uma primeira olhada, é ela que te enlaça e não deixa seus problemas te alcançarem na corrida...é o vento que te acolhe e te proteje.
Sinto que a corrida, ou o "jogging" é uma parte importante da minha jornada espiritual... uma forma simples de aprender a deixar meus medos longe e de ver meus problemas de uma forma mais distanciada, me possibilitando encontrar a melhor solução. É esse encontro diário comigo mesmo que me fará aprender a amar meus defeitos, minhas qualidades e meus momentos. É esse amor, por fim que me fará esquecer de vez o que os outros pensam ou deixam de pensar a meu respeito, afinal, "the race is long and in the end, that´s only with yourself" (filtro solar).






